Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música · Transmissão online

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Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música · Transmissão online
24 Março, 2021 @ 21:00 - 22:00
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O argentino Mauricio Kagel escolhe para solista da orquestra um instrumento que raramente vemos a ocupar este lugar de destaque: os tímpanos. Nela desafia as convenções, numa espiral humorística que questiona a seriedade atribuída pelo público à sala de concertos, misturando técnicas das vanguardas musicais contemporâneas com estratégias comunicativas próximas dos Irmãos Marx.
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
Sylvain Cambreling direcção musical
Jean-François Lézé tímpanos
Programa:
Mauricio Kagel: Concerto para tímpanos e orquestra
MAURICIO KAGEL Peça de Concerto para tímpanos e orquestra (1990‑92) Nascido na Argentina, Mauricio Kagel (1931-2008) fixou‑se na Alemanha no final da década de 50, onde interagiu com as correntes estéticas de vanguarda. Um dos aspectos mais marcantes da sua obra é o alargamento do papel do músico. Assim, Kagel integrou uma dimensão teatral na prática instrumental, o que se encontra bem patente na Peça de Concerto para tímpanos e orquestra. Escrita entre 1990 e 1992, é baseada na sua obra Opus 1.991, para orquestra. Kagel transformou‑a, acrescentando‑lhe um instrumento solista sui generis, os tímpanos. A escrita para percussão solista afirmou‑se como uma prática contemporânea, mas dedicar uma obra orquestral aos tímpanos ainda é um fenómeno raro. Assim, Kagel subverte a ideia do solista associada ao virtuoso romântico, apresentando uma obra pouco convencional para um instrumento que raramente desempenha essas funções. A peça resultou de uma encomenda da Orquestra Sinfónica “Arturo Toscanini” da Emília‑Romanha, que a estreou em Reggio Emilia a 17 de Outubro de 1992, com Jean‑Pierre Drouet como solista e Fabrice Bollon como chefe de orquestra. A obra tem uma abordagem humorística não só aos géneros para solista e orquestra, mas também à especificidade do instrumento. Com uma linguagem predominantemente diatónica, oscilando entre uma escrita convencional e uma abordagem mais livre, as atenções centram‑se no virtuosismo do timpaneiro. Tendo em conta as suas características teatrais, é uma peça cuja eficácia assenta na visualidade da performance. Assim, à medida que a actividade do solista se torna gradualmente menos convencional, entramos numa espiral humorística em crescendo. A seriedade da sala de concertos, um templo para o público do século XIX, é subvertida pelo compositor, que mistura técnicas das vanguardas musicais contemporâneas com estratégias comunicativas próximas dos Irmãos Marx. JOÃO SILVA


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