Schoenberg, Maderna e Nono: ligações vanguardistas
A geração de compositores europeus que se afirmou nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial foi altamente influenciada pelo Modernismo Vienense. Os jovens criadores reclamaram a herança de figuras tutelares como Anton Webern, cujo método e rigor foram redescobertos após o conflito armado. Webern ficou conhecido pela aplicação do dodecafonismo serial de uma forma concisa, criando obras de grande organização expressiva. Simultaneamente uma técnica e um idioma, o dodecafonismo serial foi um modelo de organização sonora essencial para as vanguardas. Esse sistema baseava-se na escolha de uma sucessão das 12 notas da escala cromática, a série, que se tornava a base para a elaboração dos compositores. Essa série tinha várias formas e algumas delas tinham relações fortes entre si. Mais tarde, o compositor e professor francês Olivier Messiaen propôs a associação de aspectos como ritmo, altura e intensidade na concepção das obras. Seguindo o caminho aberto por Webern (a partir de Schoenberg) e de Messiaen, a geração que incluía músicos como Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, Jean Barraqué, Bruno Maderna e Luigi Nono desenvolveu o chamado serialismo integral, alargando a aplicação da série a outros parâmetros. Os Cursos de Verão de Darmstadt, criados em 1946 com o objectivo de promover as vanguardas, foram um fórum para a discussão de ideias. Bruno Maderna foi uma figura proeminente nesse movimento. Compositor e maestro, promoveu e dirigiu um grande número de estreias nesse evento. Maderna nasceu em Veneza e estudou composição com Gian Francesco Malipiero, figura tutelar do Modernismo italiano. Durante a Segunda Guerra Mundial, juntou-se aos partigiani e resistiu contra o fascismo e o nazismo. Interessando na direcção de orquestra, frequentou cursos ministrados por Hermann Scherchen. Scherchen era um conhecido promotor das vanguardas germânicas, em particular do trabalho da Segunda Escola de Viena e dirigiu várias obras de Nono e Maderna. Maderna conheceu Luigi Nono em 1946, por intermédio de Malipiero, encetando uma relação de tutoria e amizade que durou muito tempo. Com Maderna, Nono começou a frequentar os Cursos de Verão de Darmstadt, onde se afirmou com obras como as Variazioni canoniche sulla serie dell’op. 41 di Arnold Schoenberg, estreada sob a direcção de Scherchen. Nono nunca conheceu o compositor austríaco, falecido em 1951. Em 1954, Luigi Nono encontrou-se em Hamburgo para a estreia da ópera de Arnold Schoenberg Moses und Aron. Essa apresentação foi em versão de concerto e nela Nono conheceu Gertrud e Nuria Schoenberg, viúva e filha do compositor, respectivamente. Nono dedicou a peça Liebeslied a Nuria e inspirou-se nela para criar Incontri, estreada em 1955. Nesse ano, Nuria Schoenberg passou a ser Nuria Schoenberg-Nono. Em 1961, é apresentada a primeira obra cénico-musical de Nono, Intolleranza 1960, dedicada postumamente a Arnold Schoenberg. Integrada na Bienal de Veneza de 1961, Intolleranza 1960 estreou no Teatro La Fenice. Bruno Maderna dirigiu a apresentação.


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