Transmissão Online 21 Abril
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
Baldur Brönnimann direcção musical
Philippe Manoury Sound and Fury
Portrait Philippe Manoury III
Uma das mais importantes obras literárias do século XX, Sound and Fury de William Faulkner, é evocada em múltiplas dimensões na composição homónima de Philippe Manoury. Segundo o compositor: “Em Faulkner, uma história recorrente vai-nos surgindo, por fragmentos (…) os passos desta história não são apresentados de forma cronológica. A minha composição retoma esta recorrência. (…) O outro elemento de referência é o próprio título, e em particular a partícula and, que tomo aqui no seu significado temporal, isto é, ligando as duas palavras, e onde a ordem de apresentação tem importância: primeiro sound, de seguida fury.”
NOTAS AO PROGRAMA
Philippe Manoury Philippe Manoury Sound and Fury, para grande orquestra (1998-99; rev.2016) Sound and Fury faz referência ao romance de Faulkner, não só pela sua estrutura, como também pelo carácter evocativo do seu título. Em Faulkner, uma história recorrente vai-nos surgindo, por fragmentos, de acordo com os diferentes tipos de narradores, mas os passos desta história não são apresentados de forma cronológica. A minha composição retoma esta recorrência, porque se trata da repetição de uma mesma sucessão de sequências, mas onde algumas surgem amplificadas ou reduzidas conforme os casos. A “não-cronologia” está totalmente enraizada no próprio princípio da composição desta obra. As diferentes secções não foram sequer compostas pela sua ordem de aparição na peça. Algumas secções, que poderiam desempenhar um papel de desenvolvimento, são frequentemente apresentadas antes da exposição do material que lhes deu origem. O outro elemento (de referência relativamente ao romance de Faulkner) é o próprio título, e em particular a partícula and, que eu tomo aqui no seu significado temporal, isto é, ligando as duas palavras, e onde a ordem de apresentação tem importância: primeiro sound, de seguida fury. A obra evolui assim numa progressão que se orienta para estruturas cada vez mais violentas, instintivas, agressivas, plenas de furor, caracterizadas por momentos de saturação musical cada vez mais “selvagens”. Esta violência “procurada” é, ao mesmo tempo, como sempre sucede no meu trabalho, totalmente organizada, seja a partir de uma excrescência ou duma proliferação de dados de base muito estruturados, ou da irrupção súbita de um elemento que ninguém poderia prever num determinado contexto. Esta é, deste modo, espero eu, uma violência composta. A orquestra, muito importante, está dividida em dois grupos: duas orquestras de cordas e duas orquestras de metais estão colocadas à direita e à esquerda. As madeiras, as percussões, as harpas e o piano encontram-se em posição frontal. Numerosos elementos de simetria espacial percorrem a obra, a partir da própria disposição dos instrumentos. Sound and Fury foi composta entre 7 de Junho de 1998 e Janeiro de 1999. É uma encomenda das orquestras de Chicago e de Cleveland. A obra é dedicada a Pierre Boulez, no seu 75.° aniversário. Philippe Manoury

